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28 abril 2013

Contrapontos

De uns tempos para cá passei a encarar meus desenhos de modelo vivo não só como um estudo, mas como um treino de expressão. A representação fiel de um objeto é importante, mas saber dosá-la para transmitir uma mensagem é igualmente significativo, e o desafio de fazê-lo exige um maior pensamento acerca da imagem. Às vezes a imprecisão diz mais do que o refinamento.

Uso como exemplo meu último desenho de modelo vivo (Carvão sobre papel A1, finalizado em 4 sessões). Além do claro e escuro, procurei opor definição e abstração. A expressão dramática no rosto da modelo sustenta o desenho por si só, então dediquei um maior refinamento da forma para este ponto. Conforme descemos o olhar pela figura, ela esmaece, desaparecendo no caimento do tecido. Esse contraponto, bem como a oposição entre o escuro (face) e o claro (tecido) permite que apenas o rosto da modelo domine a atenção do observador, enquanto os outros elementos dão equilíbrio ao todo.




19 abril 2013

Sketchbook


>> Se tem um objeto que me acompanha desde que entrei na faculdade, ele é meu sketchbook. Esses cadernos são o espaço que uso para experimentar, fazer desenhos descompromissados e colocar ideias no papel. Quando estava nos meus primeiros, começava cada desenho com o intuito de fazer uma obra prima, mas, com o tempo, pude perceber que aquilo só prejudicava o resultado final: a cobrança acabava me limitando demais. Hoje uso meus cadernos para testar coisas novas, lidar com o imprevisto e perder o medo de errar. Além de resultados melhores no próprio sketchbook, ter perdido um pouco do medo ao aprender a lidar com os imprevistos me permitiu alcançar novos patamares em minhas ilustrações.

O sketchbook é um exercício e um desafio diário à minha criatividade: como aproveitar a mancha que atravessou o papel e contaminou os outros desenhos? E tornar bom um desenho que ficou esquisito? Como integrar tipografia e imagem de maneira agradável? A única regra que vale é a que eu dito. Não há porque criar limites em um dos únicos lugares que teremos tanta liberdade, e por isso o sketchbook está mais próximo de uma agenda, um diário, do que um portifólio — ainda que muitas ideias, quiçá artes finais, surjam dele.






// materiais
Costumo variar sempre o material, indo de caneta bic à nanquim aguado, mas meus preferidos têm sido os lápis de cor e os marcadores (canetinhas de escola, pilot de quadro branco e poscas), pela agilidade e acabamento que eles dão. Quase sempre trabalho em cores, para treinar o equilibro cromático deixar as páginas mais cheias de vida. O bom desses dois materiais, em específico, é que eu posso sobrepor várias camadas sem carregar muito o papel.






// harmonia x caos
Trabalho com ilustrações clássicas, mas meus sketchbooks contém muitas artes que são quase o contrário. Acredito que deve haver uma variedade de tratamento; há horas em que podemos arriscar mais, e em outras precisamos de uma paciência monástica. Ainda que minhas artes finais sejam precisas e refinadas, ao me permitir ser mais livre no sketchbook eu termino por aliviar a carga de espontaneidade e, além disso, aprendo a dosá-la para uso em ilustrações. O imperfeito, ao contrário do que muitos pensam, cativa mais por se aproximar do real. Balancear a harmonia e o caos é o que acaba nos aproximando mais daquilo que queremos expressar.